O Parlamento do Japão elegeu nesta terça‑feira a conservadora Sanae Takaichi como primeira mulher a assumir o cargo de primeira‑ministra do país , marcando um momento histórico na política japonesa.
Com 64 anos, Takaichi foi escolhido após uma votação na Câmara Baixa (Shūgiin), obtendo 237 dos 465 votos, apenas quatro acima do mínimo necessário para vencer. Ela sucederá Shigeru Ishiba, cuja renúncia deixou o governo no limbo há cerca de três meses.
O contexto da eleição e a coligação decisiva
A eleição de Takaichi ocorre num momento de fragilidade para o partido dominante, o Partido Liberal Democrático (LDP), que sofreu derrotas eleitorais e viu romper sua tradicional aliança com o Komeito.
Diante desse cenário, o LDP firmou na véspera da votação um acordo de coligação com o Japan Innovation Party (JIP ou Ishin no Kai), de perfil mais à direita, para garantir o suporte necessário.
Embora a aliança tenha assegurada a eleição da nova primeira‑ministra, vale destacar que a coligação ainda não alcança maioria em ambas as casas do parlamento — o que coloca a administração em situação assustadora desde o início.
Perfil da nova líder e suas prioridades
Sanae Takaichi é vista como uma figura de forte orientação conservadora e nacionalista, e foi considerada pupila de Shinzo Abe.
Entre suas prioridades declaradas estão o enfrentamento da inflação e do aumento dos preços — um dos temas mais sensíveis para os cidadãos — e o estímulo ao crescimento econômico.
No plano externo, a nova estreia deverá promover uma agenda de fortalecimento da defesa nacional , revisão da constituição pacifista de pós-guerra e uma postura mais rígida em relação à imigração e à China.
Apesar de seu marco histórico como primeira mulher no cargo, Takaichi tem manifestado pouca predisposição para liderar mudanças profundas na política de gênero ou igualdade , inclusive tendo se posicionado contra a sucessão feminina no trono imperial e contra o casamento com sobrenomes diferentes para interferências.
Desafios pela frente e incertezas do governo
Mesmo com o apoio parlamentar imediato, o governo de Takaichi enfrenta obstáculos importantes:
A fragilidade da coligação — o PDL + JIP ainda está a dois acordos da maioria na Câmara Baixa, o que compromete a aprovação de projetos importantes.
A necessidade de recuperar a confiança pública após derrotas eleitorais e escândalos que abalaram o LDP.
Pressões econômicas imediatas: inflação, queda do iene, dívida pública elevada e crescimento econômico lento.
Um cenário internacional complexo, em que o Japão precisará renegociar relacionamentos estratégicos, como com os EUA, e definir papel frente à China, Coreia do Norte e ao novo contexto regional.
Esses fatores apontam para um mandato que poderá ser exigente e de curto prazo , caso as alianças não se fortaleçam ou as políticas‑chave não avancem com rapidez.
Significado simbólico e repercussão internacional
A eleição de Takaichi representa um marco simbólico no Japão, país em que a política e as altas cargas sempre foram majoritariamente ocupadas por homens. O fato de uma mulher alcançar o posto mais alto do poder executivo gera expectativas de mudança.
Por outro lado, analistas alertam que o impacto sobre a igualdade de gênero pode ser limitado: se o governo não promover reformas substanciais nessa área, a “primeira mulher no poder” pode acabar eventualmente como símbolo sem transformação estrutural.
No cenário externo, os mercados reagiram positivamente — a expectativa de estímulos fiscais e políticas de crescimento gerou otimismo entre os investidores. Ainda assim, a sustentabilidade desses efeitos dependerá da capacidade de implementação das medidas anunciadas.
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