Agricultura familiar do Pará pode abastecer COP-30 com alimentos sustentáveis

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Mais de 80 grupos organizados e 8 mil famílias de agricultores familiares estão prontos para fornecer alimentos para a COP-30, que acontecerá em novembro de 2025, em Belém (PA). A informação foi revelada por um levantamento dos institutos Regenera e Fronteiras do Desenvolvimento, que identificou o potencial de produção local para atender às exigências do evento climático global.


Mapeamento aponta capacidade produtiva da agricultura familiar no Pará

O estudo teve como objetivo principal demonstrar que já existem fornecedores locais qualificados para atender às demandas do edital publicado em agosto pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI). A OEI será a responsável pela seleção dos operadores de alimentação da COP-30, um dos maiores eventos internacionais da atualidade sobre mudanças climáticas.

Segundo o levantamento, os grupos organizados incluem associações, cooperativas e redes produtivas, espalhados por diferentes regiões do estado. A estrutura mapeada tem potencial para fornecer alimentos frescos, sustentáveis e de qualidade, promovendo a valorização da produção local e fortalecendo a economia regional.

Alimentos sustentáveis como protagonistas da COP-30

A COP-30 (30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) será realizada pela primeira vez na Amazônia, e a expectativa é que mais de 30 mil pessoas participem do evento em Belém. Entre os compromissos do Brasil como país-sede está a adoção de práticas sustentáveis, inclusive no fornecimento de alimentos.

Nesse cenário, a agricultura familiar surge como protagonista. A produção de base agroecológica, com respeito à biodiversidade e sem o uso de agrotóxicos, alinha-se às diretrizes ambientais da conferência e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

“Esse mapeamento mostra que é possível abastecer a COP-30 com alimentos saudáveis e de origem local, gerando renda para milhares de famílias e promovendo a justiça climática”, afirma um dos coordenadores do estudo, do Instituto Regenera.

Edital da OEI abre portas para inclusão social e econômica

O edital lançado pela OEI estabelece critérios técnicos para a contratação de empresas ou consórcios responsáveis pelo fornecimento de alimentação durante a COP-30. Entre as exigências, está a priorização de fornecedores locais e sustentáveis, além da inclusão de grupos da economia solidária e da agricultura familiar.

Esse direcionamento abre uma janela de oportunidade para comunidades tradicionais e povos originários, que poderão participar da cadeia de fornecimento com produtos típicos da região amazônica, como:

  • Açaí

  • Castanha-do-pará

  • Tucupi

  • Farinha de mandioca

  • Pescados locais

A participação desses grupos no evento fortalece não apenas a economia, mas também a cultura alimentar amazônica, que poderá ganhar visibilidade internacional.

Agricultura familiar no Pará: uma potência em crescimento

O estado do Pará possui uma das maiores populações rurais do Brasil, com milhares de famílias envolvidas na agricultura familiar. Esse segmento é responsável por grande parte da produção de alimentos consumidos internamente, além de abastecer feiras, mercados e programas governamentais como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar).

Com a visibilidade da COP-30, a expectativa é que novos mercados se abram para os agricultores familiares, incentivando a formalização, o associativismo e o aumento da produção sustentável.

Legado socioeconômico e ambiental para a Amazônia

A realização da COP-30 em Belém representa uma oportunidade histórica de reposicionar a Amazônia como fornecedora de soluções climáticas globais. E a participação da agricultura familiar nesse processo poderá deixar um legado duradouro.

Além da renda gerada com a venda de alimentos para o evento, espera-se que os investimentos em capacitação, logística e infraestrutura permaneçam como benefícios para os produtores locais.

“Queremos que esse movimento vá além da COP-30. Que a valorização dos produtos da floresta e do trabalho dos agricultores seja permanente, com políticas públicas de apoio e acesso ao mercado”, reforça representante do Instituto Fronteiras do Desenvolvimento.


Fonte: Agência Brasil